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Funeral de empresas

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Empreender no Brasil sempre foi algo muito difícil. Meio que uma aventura. É necessário que o administrador esteja muito bem preparado para enfrentar o mercado e as incertezas do país, fragilizado cada vez mais por disputas políticas. Quem tem ou já teve uma empresa sabe do que estou falando. Afora as dificuldades inerentes a qualquer atividade, o Brasil é um emaranhado de ciladas econômicas e jurídicas. Quem faz as leis ou dita as normas, geralmente não teve experiência no setor privado. Acaba tendo uma visão distorcida. Além disso, há os teóricos de plantão, que jamais empreenderam e, portanto, nunca correram riscos, mas que sempre tem as soluções para tudo.

Como um pequeno exemplo da dificuldade de se empreender, podemos citar a questão tributária. Existem mais de 41 mil leis nas esferas federal, estadual e municipal. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) são publicadas, em média, 46 novas regras tributárias a cada dia útil no país. É algo assustador. Como é assustador toda vez que um gestor público, diante de problemas financeiros, vê como solução mágica o aumento de impostos. Por sinal, no quesito pagamento de impostos o Brasil se supera. Está em 184º lugar, à frente apenas da República do Congo, Bolívia, República Centro-Africana, República do Chade, Venezuela e Somália. Segundo relatório de 2018 do Banco Mundial, que mede, analisa e compara as dificuldades na implantação de empresas em 190 países, o Brasil ocupa a 176ª colocação entre os países onde há mais dificuldades para se abrir um negócio.

Nossa máquina pública custa 4,3 trilhões ao ano, entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Não é por acaso que estudos indicam que trabalhamos 5 meses ao ano só para pagar impostos. Se a contrapartida fosse satisfatória, tudo bem. Pagaríamos com prazer. Mas não é o que acontece. É só olharmos o panorama da saúde, segurança, educação e infraestrutura. E o que dizer, então, do Poder Judiciário que, em meio ao caos econômico e social em que estamos vivendo, não se acanhou em postular mais um penduricalho, desta vez o auxílio-saúde. Somado a isso, assistimos governos e mais governos que gastaram demais e erroneamente, investindo onde não era prioritário e deixando faltar no essencial.

Em meio a esse cenário historicamente adverso, o empreendedor vai tentando se equilibrar. Mas, como diz o ditado, não há nada ruim que não possa piorar. Em março passado veio a pandemia. Fecha comércio. Abre comércio. Fecha comércio. Abre comércio. O empresário com fôlego financeiro ainda teve como se defender do abre e fecha. Mas o pequeno comerciante, aquele que trabalha no limite, se viu em apuros. Sem dinheiro, sem trabalho e sem condições de fazer qualquer tipo de planejamento para o seu negócio. Contas se acumulando e o desespero batendo na porta. Pra completar, ouvindo um "fique em casa" de quem, com salário garantido e do conforto de casa, criticou a volta ao trabalho.

Nesse abre e fecha, muitos já fecharam em definitivo ou vão fechar em breve. É questão de tempo. Não há como suportar. O funeral de empresas é fato. Basta andar nas ruas ou ir num shopping. O lojista, ordeiro e cumpridor dos protocolos de saúde, que não fez aglomerações e muito menos festas, recebeu para pagar uma conta que não é sua. Uma conta cara e que pode ter sido a última.

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